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A POSSUÍDA
Apesar se saber o nome de quem me contou a história a seguir, decidi por razões obvias omiti-lo. Na realidade, nem o nome do bairro será revelado, visto que a história teve grande repercussão no lugar.
Em 1998, Maria tinha 17 anos, e morava com a mãe, a tia, dois irmãos e uma prima, numa pequena casa, num bairro da periferia de Belém.
Sua vida parecia transcorrer normalmente, até que um fato a marcaria para sempre: numa manhã, Maria, que sempre fora uma jovem muito educada, levantou-se de sua cama, foi até o quarto em que dormia sua tia e sua prima, e gritou para a tia:
- Vou te matar sua traidora!
A mulher e a filha imediatamente estranharam o comportamento de Maria. Em poucos minutos, toda a sua família estava acordada e dentro do quarto de sua tia, tentando entender o que estava acontecendo. Sua mãe a pegou pelo braço e pediu para acompanha-la até a cozinha. Maria largou-se abruptamente da mãe, e falou: sai daqui sua imbecil! Você também está na minha lista!
Nesse momento, a mãe de Maria arrepiou-se. Inexplicavelmente, aquela forma de falar não lhe era estranha. Ela olhou para os outros dois filhos, mais velhos e bem mais robustos que Maria, e pediu para eles levarem a irmã para seu quarto. Furiosa, Maria avançou para cima dos dois, e os agrediu violentamente, demonstrando possuir uma força incompatível com seu corpo magro e frágil. Desesperada, sua mãe também tentava segura-la, mas esta parecia estar dominada por alguma força incomum.
A essa altura, haviam alguns vizinhos tentando entender o que se passava na casa. Três deles, também tentaram conter a jovem, que com certa facilidade, assim como fez com os irmãos, os repeliu com um único empurrão. Maria passou a gritar frases ameaçadoras e palavrões para todos que tentavam conte-la. Sua mãe, dobrou-se num canto da sala e pôs-se a chorar desesperadamente. Sua tia, rezava ao mesmo tempo em que pedia para a vizinhança ajuda-la. De repente, Maria foi até a cozinha, apanhou uma faca e gritou:
- É agora que vou matar todos vocês!
Dois dos vizinhos que tentavam ajudar, saíram da casa correndo. Sua mãe, pôs-se entre ela e os irmãos. Maria não era a Maria que todos conheciam. Parecia um ser do mal, com vontade de matar. Ela caminhou em direção a mãe com a faca na mão, quando de repente, sua prima, que até então só observava o desenrolar dos acontecimentos, gritou:
-Para pai! Será que o senhor não vê que que eles não têm culpa? Se o senhor quer matar alguém, então me mate. A culpa é minha!
Maria parou, e olhou para a prima. Todos se olharam sem entender, porque sua prima a chamava de pai.
A jovem foi até Maria e, sem encontrar resistência, tomou-lhe a faca. Depois ela a pegou pelo braço, sentou-a numa cadeira e em prantos falou:
-Eu sei que é o senhor que está ai. Conheço esse seu jeito.
A partir daí, a prima de Maria passou a conversar com ela, como se esta fosse o seu pai, que havia falecido faziam dois anos.
Após um bom tempo com a prima, como se fosse o pai dela, da mesma forma como havia se transformado, Maria baixou a cabeça por alguns segundos, e quando a levantou, havia voltado a ser a adolescente doce e de fala mansa que todos conheciam. Ela olhou para sua prima, que chorava copiosamente e, mesmo sem entender o que se passara, a abraçou,
O tio de Maria, pai de sua prima, dois anos antes, após perder a guarda da filha para tia de Maria, numa atitude desesperada, foi armado até a casa de Maria e ameaçou a todos. Após denúncia, a polícia tentou prendê-lo, mas ele, irracionalmente reagiu à prisão com violência, e foi morto no local pelos policiais. Uma tragédia, que ninguém espera ser desencadeada por um pai que parecia amar tanto sua filha.
Quando todos já estavam mais calmos, tiveram o mesmo entendimento do que tinha acontecido: Maria fora possuída pelo espírito de seu tio, que através de suas mãos, quase cumpre a promessa, de matar toda a sua família.
O fato nuca mais se repetiu, mas o trauma ficou para sempre na memória daquela família.
imagem ilustrativa fonte:http://www.cinemaemcena.com.br/plus/modulos/noticias/ler.php?cdnoticia=47155
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