O ESPIRITO DA VELHA ESCRAVA



Segundo a pessoa que nos contou essa história, o Sr. Renato, ela se passou com sua avó na década de 50, quando o bairro do Jurunas era muito diferente do que é hoje.
Dona Vitória morava numa pequena rua numa área do Jurunas conhecida como Estrada Nova. Sua casa possuía um enorme terreno, que terminava bem próximo ao rio Guamá. Bastante arborizado, ela cuidava do lugar com muito zelo e carinho. Um dia, após um domingo agradável ao lado dos filhos, ela foi deitar-se mais cedo, deixando seu marido com os demais familiares na sala. Logo após adormecer, dona Vitória teve o que chamava “a grande chance de sua vida”: Num sonho, uma mulher negra, que vestia roupas muito antigas e simples, como se fosse uma escrava, acordava-a e pedia que ela lhe acompanhasse até o pé de uma velha mangueira, que ficava no meio do terreno, mais de 30 metros depois da casa. Ao chegar lá, a velha escrava pontava para uma falha que, de fato havia no pé da árvore, e falava: “ você virá aqui ainda hoje, vai cavar ali naquela falha, até encontrar uma pedra grande. Depois, vai tirar essa pedra do buraco. Debaixo dela vai achar a sua riqueza. Mas escute: Se você chamar alguém para lhe acompanhar, vai perder tudo”. Depois, a mulher desapareceu, e dona Vitória acordou logo em seguida.
Impressionada com o sonho, ela levantou-se e olhou para o relógio. Eram 22 horas. Havia se passado apenas duas horas depois que adormecera. Quase todos já estavam dormindo. Porém seu marido e o filho mais novo, ainda conversavam na sala. No ímpeto de falar do sonho, ela gritou pelo nome do marido, que em segundos estava a sua frente, ao lado do filho. Após contar-lhes do sonho, dona Vitória ouviu do filho que aquilo era só um sonho. Já seu marido, disse que se quisesse verificar se aquilo era ou não verdade, que o fizesse pela manhã, à luz do sol, pois ir no quintal escuro, naquela hora da noite, não era uma ideia muito boa.
Convencida de que aquela velha escrava queria entregar-lhe um tesouro, ela decidiu ir até lá naquele momento. Seu marido porém, impôs que só a deixaria ir se ela deixasse ele e o filho acompanha-la. Sem ver-se com muita escolha, ela aceitou. Assim, de lamparina nas mãos, seguiram ela, o filho e o marido até o local apontado no sonho.
Ao chegarem lá, ela apontou o lugar onde o marido deveria cavar, e assim foi feito. Depois de cavar um buraco de quase um metro de profundidade, eles avistaram uma rocha ovalada, e debaixo dela, uma espécie de panela de cobre, coberta com uma pequena camada de areia branca. Após retirar o artefato do buraco, os três retornaram para casa carregando-o cuidadosamente. Dona Vitória estava espantada, e certa agora, de que havia recebido em sonho, a visita do espírito de uma escrava benevolente.
Ao entrarem em casa, seu marido levou a panela de bronze para a parte mais iluminada da casa, e retirou a areia que cobria um pano escuro. Os três olharam-se apreensivos. Seu filho, pôs-se bem perto da panela para ver o que o pano preto encobria. Seu marido estava tremendo. A imagem da velha escrava veio à mente de dona Vitória. Ela olhou para o marido, e sem falar nada, o fez entender que deveria retirar o pano. E assim ele o fez. Ao ser descoberta a panela, dezenas de pedras de carvão mineral apareceram. Dona Vitória aproximou-se mais, e sem acreditar no que estava vendo, retirou cada pedaço de carvão de dentro da panela, e no final, descobriu que nada mais havia ali. Num misto de decepção e espanto, seu marido e seu filho foram dormir, sem entender por que o sonho de dona Vitória estava correto em tudo, menos na prometida riqueza que deveriam ter encontrado no lugar das pedras de carvão.
Triste por não ter achado joias ou moedas valiosas dentro da velha panela, dona Vitória sentou-se à mesa da cozinha, bem perto da panela, pôs a mão no queixo, e pôs-se a pensar. De repente, ela ouviu uma leve batida na porta da cozinha. Com medo, ao invés de abri-la, ela trancou-a ainda mais. Mas ao virar-se novamente para a mesa onde estava, ela quase desmaia de susto: sentada onde ela há pouco estava, a velha escrava olhava-a seriamente. Emudecida, Dona Vitória não esboçou nenhum tipo de reação. A aparição, após apontar para ela, falou: “Eu não disse para você ir lá sozinha? Agora devolva tudo lá para o buraco! ” Em pânico, dona Vitória conseguiu soltar um enorme grito chamando pelo marido, enquanto via a mulher desaparecer feito fumaça bem a sua frente.
No dia seguinte, seu marido devolveu a panela e tudo o que a acompanhava para o buraco no pé da árvore, e depois o tapou. Segundo o Sr. Renato, depois dessa experiência, sua avó perdeu o encanto pelo terreno e o vendeu.
Imagem ilustrativa fonte: http://cyberspaceandtime.com/17-_Vovo_Cat…/0T0MCdLkPKA.video
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